Por Wanderley Pereira – Jornalista
Ainda repercute o incidente provocado pelo celebrante da missa das 16 horas do último dia 16, em Canindé, com o senador Tasso Jereissati e o candidato a presidente, José Serra. Eles participavam do ato religioso com uma comitiva, quando foram insultados pelo celebrante e exortados a se retirar do ambiente coalhado de manifestantes do PT e MST. O fato em si prova o envolvimento político-partidário do santuário de São Francisco, contrariando a tradição e desvirtuando a mensagem do santo a favor do amor, do perdão e em oposição ao ódio.
Já examinamos em artigo anterior o aspecto anticristão e antifranciscano desse episódio de Canindé. E passamos a examinar agora um outro lado do mesmo espetáculo lamentável, que se seguiu ao provocado antes pelo celebrante. Como se tudo isso não bastasse, o pároco de Canindé, também franciscano, frei João Amilton, referiu-se em entrevista na rádio São Francisco á reação do senador Tasso à atitude grosseira e partidária do celebrante, sugerindo que o celebrante fora ameaçado por “um rico”. O rico, é claro, era o senador cearense, romeiro desde criança.
A ideia de luta de classes não é do Cristianismo. Jesus não acirrou o ódio entre as pessoas. Pregou e exemplificou as mudanças da sociedade pelo amor, pela solidariedade, pela partilha do pão como exemplificou na Santa Ceia, quando disse: “Fazei isto em minha memória”. Ele não se referia, como apregoam alguns cultos, à repetição de simples atos religiosos, à celebração de cultos exteriores. Partir o pão simbolizava, naquele encontro, a prática da caridade, da compaixão, da doação entre os homens.
Ele escolheu para o seu ministério humildes pescadores. Mas não dispensou também o concurso de publicanos como Mateus, coletor de impostos em Cafarnaum. Mandou que se convidassem os coxos e estropiados quando se desse um banquete. Mas não se recusou a participar do banquete na casa de Simão, o fariseu. Acolheu no seu grupo mulheres pobres e pecadoras, mas não dispensou também o concurso de Joana, a mulher de Cuza, funcionário de Herodes. Contra protestos de alguns seguidores, hospedou-se na casa de Zaqueu, chefe dos publicanos em Jericó, nem recusou um encontro com Nicodemus, o grande do Sinédrio, em Jerusalém.
Esta é a mensagem dos Evangelhos que precisa ser não apenas pregada, mas imitada e exemplificada. Pregar a divisão, a dissidência, o ressentimento e o ódio, é imitar Hitler, Lênin, Stalin, Pol Pot, Sadam Houssein, Ahmadinejad e outros fundamentalistas cruéis – e não o Cristo, que jamais jogou uns contra os outros, nem fechou o céu para ninguém. Não valem as teologias que veem no Cristo paixões e defeitos dos homens comuns, que levam suas ideologias para dentro das religiões. Mas como valem as que descobrem as virtudes em homens espiritualizados como Francisco de Assis, patrono dos franciscanos a quem devem imitar.
(Fonte: Blog da Janga)
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