quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Família inventa moto agrícola em Canindé

A história da família de oito filhos, moradora do assentamento Vida Nova Transval, em Canindé, se mistura à da seca cearense. Isso porque, apesar de fazer “de tudo um pouco”, o patriarca da família ainda conduz com os dois filhos homens a plantação de feijão, macaxeira e milho. Dependendo há anos de inverno bom, e com as dificuldades de abastecimento, veio a ideia de trocar o trator utilizado pela comunidade por uma moto. A máquina agrícola pensada pelo filho, Antônio Tiago Souza dos Santos, 26, é mais econômica, agride menos o solo e ainda pode ser utilizada por qualquer pessoa - “seja jovem ou idosa”, garante ele.

À primeira vista, a "motocultivadora" lembra um triciclo, pois tem dois grandes pneus acoplados em sua traseira. O diferencial fica justamente por conta da grade de ferragens afiadas, que servem para preparar e arejar a terra, garantindo maior absorção de água. Um trabalho que o trator do assentamento gastaria oito litros de diesel, por hectare, é feito com apenas dois litros de gasolina pela 'engenhoca’. O que equivale a uma economia de R$ 19,12, pelo preço da gasolina (R$ 4,04) em relação ao diesel (R$ 3,40) no município cearense - dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis de 24/09 a 30/09.

“Quando eu entrei na faculdade para fazer Engenharia (Civil), fiquei meio sem conseguir ajudar meu pai nessa questão de trabalho braçal, com a lida no campo. Tinha que passar o dia estudando, saía daqui 14 horas da tarde e chegava (de volta) em Canindé às 2h da manhã”, lembra Tiago. A rotina desgastante de estudos em Fortaleza acabou trazendo uma ideia, quando o rapaz fazia estágio em uma fábrica de cerâmica da cidade. Foi lá que o inventor viu uma carroça acoplada em uma moto e percebeu a oportunidade de adaptar uma cultivadora no veículo.

Em 2015, com o irmão Francisco Cleiton dos Santos, 32, e o pai, Aloísio Germano dos Santos, 57, comprou uma moto por R$ 1300. A experiência de mecânica ensinada pelo pai serviu para eles montarem o equipamento manualmente, mas devido à seca, o plano foi testado de fato este ano. “Não adulterou quase nada na característica da moto, pode tirar a cultivadora e usar a moto normal. No finalzinho do ano, a gente quer montar logo a plantadeira, porque assim que terminar de preparar a terra começa a plantar. A diferença é porque a cultivadora prepara a terra, e o plantador já é para jogar as sementes. Queremos a máquina para quatro funções: preparar a terra, plantar, pulverizar e para trazer os alimentos para casa (em uma carroça acoplada) ”, frisa Tiago.

Entre os filhos de Aloísio, há uma filha formada em Artes, uma médica, uma técnica de enfergamem e uma jornalista. Tiago teve que parar o curso de Engenharia Civil porque ficou doente, mas pretende retomar a formação. O irmão Cleiton trabalha como motorista, mas também sabe, assim como Tiago, o ofício de pedreiro. Juntos, os três construíram a casa onde a família mora. A mãe, Raimunda Sousa dos Santos, 57, já foi professora de ensino primário e também é dona de casa.


Peleja
As condições de trabalho na agricultura familiar são marcadas pela resistência do corpo, esperança de chuva e também aposta de captação de água. Este ano, Aloísio e os filhos cavaram dois poços nos hectares de terra deles na Agrovila - com 60 e depois 108 metros de profundidade. Gastaram R$ 14 mil que juntaram com dificuldade, mas deu "poeira" (sem condição de puxar água) .

"Eu tava vendo que ia perder as plantas lá, que eu já tinha perdido umas laranjeiras, goiabeiras, umas coisas assim, mangueira. Aí fui e disse: rapaz, 'vamo' ver se nós cavamos um poço. Só que deu errado... tá bom, né", diz o patriarca encerrando a entrevista, quando fica emocionado. Antes de lembrar os poços, o agricultor, mestre de obras e motorista conseguiu contar sobre a trajetória desde a chegada no assentamento, em meados de 1996.

Ele fala de quando, anos atrás, teve prejuízo de cerca de R$ 50 mil com um veículo comprado para transportar alunos. "Trabalhava carregando os alunos, mas infelizmente o pior foi isso aí. A gente trabalhava na intenção de receber, e eles enganavam a gente. Uma pessoa de família, que entra num negócio desses. Só dá se for pra classe deles lá, que vive da política, que na política tem para ‘tudo enquanto’, né. Onde é essa justiça que ainda existe, que eu não conheço? Os que colocaram na Justiça, hoje não receberam nada. Não vale a pena, deixa lá, porque eles não pagam porque não querem pagar, porque o recurso tem", disse.

Mesmo naquela época de falta de pagamento e trabalho no roçado - o qual nunca largou-, encontrava tempo para trabalhar de graça na construção da capela de Santo Expedito, dentro do assentamento. "Nós estamos amurando agora, devagarzinho. Eu faço parte da religião, mas não sou fanático. Eu vou à missa e tudo mais, não sou contra quem vai, e digo que o bom é a gente ter Deus, nosso superior".

Antes de 2009, a comunidade chegava a produzir três mil sacas de milho, por exemplo, conforme Aloísio. Em seu roçado, conseguia uma média anual de 120 sacas, quantidade que diminuiu gradativamente com a seca. A produção de milho da comunidade inteira despencou para 300 sacas, com algumas famílias sequer conseguindo debulhar o milho. "E aqueles que não usaram o trator não produzem é nada, plantaram muito, mas a terra ficou muito ácida, dura, porque a água parece que não penetrava. Eu mesmo cheguei a produzir ano passado, se eu não me engano, 26 sacas de milho. Esse ano, não bati todas, porque ‘tava’ tirando para dar aos animais a espiga, com palha. Acho que esse dá umas 20 sacas”.

Expectativa

"Aí eles inventaram de fazer essa engenhoca aí, parece que tá dando certo", aponta Aloísio quando observa os filhos, durante a demonstração da ''motocultivadora''. "A gente não tinha condição de ir para oficina, a gente mesmo que montou uma oficina. Comprou chave, equipamentos, e a gente foi fazendo aos poucos. Desenvolvemos uma artimanha da mecânica do carro, das máquinas", explica Tiago.

Com a ''motocultivadora'', além da economia de combustível, a dupla de irmãos comemora vantagens de tempo e dinheiro com serviços extras. A limpeza de um terreno exigia da família a contratação de duas pessoas, com diárias de R$ 50 cada - uma atividade que poderia durar dois dias. "E não dava a produção que a moto dá para limpar o chão e afofar aterra. (A máquina) fez em 20 minutos, não gastamos nem R$ 3. Não precisa ficar correndo atrás de gente, porque é difícil essa mão de obra boa ter tempo", frisa o inventor.

Com um advogado amigo da família, Tiago já iniciou alguns processos para patentear sua máquina, que já lhe rendeu mais tempo para voltar aos estudos. “O pessoal aqui ficou um pouco surpreso, porque é uma inovação. O pessoal só crê no que vê, mas acho a partir do próximo ano vão surgir algumas encomendas”, comenta. Com Cleiton, ele estima que uma nova motocultivadora seja produzido em até 30 dias.

Fonte: O Povo



Procissão de encerramento dos festejos de São Francisco reúne milhares de fieis em Canindé

Quando Francisco de Assis dedicou sua vida ao amparo espiritual do seu povo também passou a proteger os animais e, no seu caminho religioso, ainda se tornou símbolo da humanidade. O jovem de família nobre da Itália antiga não imaginava, porém, um dia ser seguido por uma multidão quase infinita de devotos.

E todos os anos, nos últimos 200, esse momento se concretiza em Canindé, que pela grandeza da fé do povo nordestino, dos romeiros, se tornou o recanto da maior romaria da América Latina. Neste ano, mais de 50 mil fiéis participaram da procissão de São Francisco nesta cidade do Interior do Ceará.

Louvores
"Viva São Francisco! Viva São Francisco!" Sob as badaladas na torre da Basílica, uma multidão de romeiros começava a dar os primeiros passos acompanhando a imagem do Santo em procissão pela cidade. Idosos, jovens, crianças, ricos, pobres, pareciam acolhidos pelos braços do padroeiro, que se tornou símbolo da esperança sertaneja.

Essa história começou no ano de 1775, quando o sargento-mor português Francisco Xavier de Medeiros deu início à construção da capela dedicada a São Francisco das Chagas, próximo às margens do Rio Canindé. As obras foram interrompidas logo depois, até 1793. Somente em 1796 foi inaugurada. Na ocasião o capitão Jerônimo Machado trouxe de Portugal uma imagem grande do santo protetor, mas, naquela época, já era venerada em Canindé a imagem primitiva, conhecida como "São Francisquinho". Ainda hoje é conduzida solenemente na tradicional procissão de 4 de outubro.

Convocação
O pároco reitor, frei Marconi Lins, voltou a lembrar aos fiéis o tema da festa deste ano, "Francisco, restaura a minha igreja!" A mensagem metafórica parece ter sido ouvida. A contar pelo número de romeiros, praticamente o dobro em relação ao ano anterior. Parte dos visitantes atribuiu o aumento de devotos à conformação da proibição dos paus-de-arara, como são conhecidos os caminhões adaptados para o transporte de passageiros. Um exemplo foi a caravana de Codó, do Maranhão. Mais de mil viajaram em 21 ônibus até Canindé.

Outros relacionaram a invasão de romeiros, ainda na véspera do feriado em Canindé, dia do seu padroeiro, ao retorno das chuvas na quadra invernosa deste ano. Apesar de ainda escassas em algumas regiões, foram suficientes para aliviar a escassez de água na cidade, que até meados de março ainda enfrentava racionamento e era abastecida por poços profundos e carros-pipa.

Segundo a Paróquia Santuário de Canindé até o encerramento do ciclo de romarias, de agosto a fevereiro, aproximadamente 1,5 milhões de devotos terão visitado a cidade. As romarias, iniciadas no dia 24 de agosto passado, continuam até 3 de fevereiro, Dia do Romeiro, citou frei Marconi Lins no encerramento dos festejos de São Francisco, anunciando a data para o próximo ano, de 24 de setembro a 4 de outubro. O tema será "Senhor, faz-me instrumento de vossa paz". Em seguida foi surpreendido com os parabéns coletivo dos romeiros, acompanhado de um foguetório. O pároco nasceu no dia dedicado a São Francisco.

Apesar de a procissão ser o ponto alto do encerramento, hoje ainda tem o descerramento da Bandeira, ao meio-dia.

Fonte: Diário do Nordeste


quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Bandidos arrobam prédio da prefeitura de Canindé e tentam arrombar casa de juiz

O prédio da prefeitura de Canindé, foi violado na madrugada desta quarta-feira (04), onde todas as salas da prefeitura tiveram portas arrombadas e objetos levados no final da ação delituosa.

A ação foi percebida somente no meio da manhã, tendo em vista que hoje é feriado no município, onde é comemorado o dia de São Francisco, padroeiro da cidade. Funcionários ao chegar na prefeitura notaram algumas portas violadas e ao conferir, foi constatado que, todas a portas foram arrombadas, inclusive a sala do gabinete da prefeita e a sala de licitação.

Os autores da ação, que ainda não foram identificados, violaram documentos na sala de licitação, mexeram em computadores e impressoras e violaram quase todos os móveis existentes no prédio. Eles usaram uma flanela para não deixar impressões digitais.

Os bandidos levaram um aparelho televisor, e um levantamento está sendo feito para verificar se mais alguma coisa foi levada pelos meliantes. 
 
A polícia investiga o caso, mas até o momento ninguém foi preso.

Também na madrugada desta quarta-feira, bandidos tentaram arrombar a casa do Juiz titular da 1ª Vara da Comarca de Canindé, Dr. Antonio Josimar, Almeida Alves, mas sem sucesso. As imagens de uma câmera de segurança que flagrou toda a ação, foram enviadas para a Polícia. A suspeita é que sejam os mesmos que atacaram o prédio da prefeitura. 








Durante festejos governador anuncia requalificação do corredor religioso de Canindé

O governador Camilo Santana anunciou na noite desta terça-feira (3), durante as comemorações em homenagem a São Francisco das Chagas, em Canindé, as obras de requalificação do corredor religioso do município. O projeto, que está em processo de licitação, conta com investimento de mais de R$ 4,5 milhões do Governo do Ceará. Os festejos serão encerrados hoje na cidade, Dia de São Francisco.

“Vamos dar ainda este ano a ordem de serviço para o início das obras do corredor religioso de Canindé. Estamos licitando toda a urbanização do corredor, que é grande centro turístico-religioso. Essa é uma obra importante para receber ainda melhor os turistas de todo o Nordeste que vêm a Canindé todos os anos acompanhar os festejos”, disse o governador Camilo Santana, que participou da procissão, iniciada na Basílica, até a Praça dos Romeiros, onde foi realizada a última novena dos festejos de 2017. A celebração, realizada pelos freis Marconi Lins e Sérgio Moura, reuniu mais de 70 mil pessoas.

Em 2017, a Paroquia de São Francisco das Chagas, que abriga o maior santuário franciscano das Américas, comemora 200 anos de fundação. “Essa é uma das maiores festas religiosas do Brasil e que, a cada ano, vê o número de visitantes crescer. Isso mostra a esperança das pessoas na palavra de Deus e no exemplo do que representa São Francisco, que sempre lutou pelos mais necessitados”, citou o governador.


O corredor religioso do município é composto pela Basílica de São Francisco das Chagas, Estátua de São Francisco, Praça do Romeiro, Convento de Santo Antônio, Casa dos Milagres e Via Sacra do Monte. A obra é de responsabilidade da Secretaria das Cidades.

Também estão inseridas no projeto a urbanização da área que circunda a Igreja Nossa Senhora das Dores, compreendendo a execução de piso pré-moldado, atendendo as normas de acessibilidade, instalações, paisagismo, estacionamento para carros e motos. Além disso, será aberta uma via chamada Rua Nova do Convento, compreendendo serviços de contenções, piso pré-moldado e piso rústico.