As chuvas irregulares no primeiro semestre afetam a agricultura e a pecuária, nos municípios do Interior
Os municípios que fazem parte dos Sertões de Canindé e Vale do Curu estão mais uma vez sofrendo com a falta de água. A escassez afeta a população das comunidades rurais na pecuária, na agricultura e no consumo do recurso potável. A criação de animais é um dos setores mais atingidos.
Nos Sertões de Canindé muitos criadores de gado estão vendendo o pouco que resta para não ver os animais morrerem de fome e de sede. É comum todos os dias chegarem ao Matadouro Público da cidade animais de alta linhagem para serem abatidos, porque os proprietários querem evitar o pior: perder o gado no campo.
O criador Antônio José Honório da Silva, de 75 anos, residente na Comunidade de Barra Nova, está vendendo seu rebanho a preço irrisório. "A coisa está ficando insustentável. Não tenho mais como manter os animais. Falta pasto e água. A única alternativa viável é vender e nada mais", lamenta o pecuarista, com os olhos cheios de lágrimas.
Segundo ele, uma vaca que custa R$ 1.200,00, os compradores só pagam R$ 800,00. "É triste ter que fazer isso, mas é o jeito. Melhor agir assim do que dar comida aos urubus".
Na cidade de Tejuçuoca, animais também são afetados com a seca. Na localidade de Boa Ação, há gado em situação crítica. "Ou os governo Federal e do Estado tomam medidas urgentes ou via morrer tudo de fome e sede´´, prevê o criador Osmar Ferreira da Silva, de 67 anos, que ainda insiste em manter cinco vacas. Os animais já estão só "o couro e o osso".
"É preciso alguém olhar com mais atenção para esses problemas que estão tomando dimensões assustadoras, porque caso contrário só vai escapar de quatro pés cadeiras e mesas´´, avisa seu Osmar. Ele ainda não vendeu seus animais porque não tem mais quem queira comprar. "Isso aí agora vai servir de comida para os urubus´´, diz.
O problema da seca no sertão nordestino é muito antigo. O primeiro registro do flagelo ocorreu em 1559. Pesquisas confirmam que a irregularidade climática no semiárido é própria da região. A seca no Nordeste brasileiro equivale à neve nos países europeus, é um fenômeno da natureza.
Garantia Safra
A primeira folha de pagamento do Garantia Safra referente às perdas da lavoura de sequeiro ocasionadas pela estiagem, neste ano, será liberada a partir do próximo dia 18 de agosto. Inicialmente, serão atendidos 92 municípios no Ceará e 177.371 famílias de produtores rurais com perda de safra de 50%. A novidade é que, neste ano, o valor do seguro passa de R$ 550,00 para R$ 600,00. Serão liberadas quatro parcelas de R$ 150,00, cada.
De acordo com o coordenador do Garantia Safra, da Secretaria de Desenvolvimento Rural, José Arimatéia Gonçalves, outros municípios serão incluídos no programa a partir de setembro, quando será elaborada uma segunda folha de pagamento. "A folha do próximo mês ainda está em conclusão porque os técnicos concluem a apuração de dados referentes à perda da lavoura no campo em várias localidades", explicou Arimatéia. "Por isso, haverá a entrada de mais municípios, mas ainda não sabemos precisar o número exato da ampliação".
Arimatéia salientou que, neste ano, houve o esforço do Governo do Estado para a antecipação do pagamento do Garantia Safra. "O Governo Federal foi sensível à situação de seca e perda da lavoura que atinge o sertão cearense", disse. "Sabemos que a situação no campo é grave". Os recursos do programa vão atender a milhares de famílias de pequenos produtores rurais que perderam a safra de milho, feijão e de arroz. Na região Centro-Sul, os municípios de Acopiara, Iguatu, Icó, Jucás, Cariús e Várzea Alegre estão incluídos nessa primeira etapa do Programa.
Beneficiados
O maior número de beneficiados será em Icó com 5.220 agricultores inscritos, seguido de Iguatu, com 4.756. O secretário de Agricultura de Iguatu, Francisco Sales Neto (Louro da Barra), disse que a verba vai favorecer a compra de cereais pelos pequenos produtores rurais que perderam mais de 80% da safra. "Esse recursos, com certeza, vão aliviar a tensão no campo".
São os programas sociais que, nos últimos anos, têm evitado invasões e saques de depósitos de merenda escolar nas cidades atingidas pela seca. As ocupações das cidades ocorriam com frequência.
Fique por dentro
Apoio ao agricultor
O Garantia Safra é uma ação do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Objetiva garantir renda mínima para a sobrevivência de agricultores de localidades atingidas por estiagem ou cheia. Os critérios para participação são: ser agricultor familiar, conforme definido no Pronaf; não ter renda familiar mensal superior a um e meio salário mínimo; a adesão deve ser antecedente ao início do plantio; no instrumento de adesão deve constar a área total a ser plantada com as culturas (feijão, milho, arroz, mandioca ou algodão), não podendo superar dez hectares. O benefício é de R$ 600,00, por ano, por família, pagos em até quatro parcelas mensais iguais de R$ 150,00.
MAIS INFORMAÇÕES
Coordenadoria do Seguro Safra/ SDA: (85) 3101. 8123; Coordenadoria de Defesa Civil: (85) 3101.4571; 10ª Região Militar: (85) 3255. 1702
Diário do Nordeste
Antônio Carlos Alves /Honório Barbosa
Colaborador/ Repórter
Os municípios que fazem parte dos Sertões de Canindé e Vale do Curu estão mais uma vez sofrendo com a falta de água. A escassez afeta a população das comunidades rurais na pecuária, na agricultura e no consumo do recurso potável. A criação de animais é um dos setores mais atingidos.
Nos Sertões de Canindé muitos criadores de gado estão vendendo o pouco que resta para não ver os animais morrerem de fome e de sede. É comum todos os dias chegarem ao Matadouro Público da cidade animais de alta linhagem para serem abatidos, porque os proprietários querem evitar o pior: perder o gado no campo.
O criador Antônio José Honório da Silva, de 75 anos, residente na Comunidade de Barra Nova, está vendendo seu rebanho a preço irrisório. "A coisa está ficando insustentável. Não tenho mais como manter os animais. Falta pasto e água. A única alternativa viável é vender e nada mais", lamenta o pecuarista, com os olhos cheios de lágrimas.
Segundo ele, uma vaca que custa R$ 1.200,00, os compradores só pagam R$ 800,00. "É triste ter que fazer isso, mas é o jeito. Melhor agir assim do que dar comida aos urubus".
Na cidade de Tejuçuoca, animais também são afetados com a seca. Na localidade de Boa Ação, há gado em situação crítica. "Ou os governo Federal e do Estado tomam medidas urgentes ou via morrer tudo de fome e sede´´, prevê o criador Osmar Ferreira da Silva, de 67 anos, que ainda insiste em manter cinco vacas. Os animais já estão só "o couro e o osso".
"É preciso alguém olhar com mais atenção para esses problemas que estão tomando dimensões assustadoras, porque caso contrário só vai escapar de quatro pés cadeiras e mesas´´, avisa seu Osmar. Ele ainda não vendeu seus animais porque não tem mais quem queira comprar. "Isso aí agora vai servir de comida para os urubus´´, diz.
O problema da seca no sertão nordestino é muito antigo. O primeiro registro do flagelo ocorreu em 1559. Pesquisas confirmam que a irregularidade climática no semiárido é própria da região. A seca no Nordeste brasileiro equivale à neve nos países europeus, é um fenômeno da natureza.
Garantia Safra
A primeira folha de pagamento do Garantia Safra referente às perdas da lavoura de sequeiro ocasionadas pela estiagem, neste ano, será liberada a partir do próximo dia 18 de agosto. Inicialmente, serão atendidos 92 municípios no Ceará e 177.371 famílias de produtores rurais com perda de safra de 50%. A novidade é que, neste ano, o valor do seguro passa de R$ 550,00 para R$ 600,00. Serão liberadas quatro parcelas de R$ 150,00, cada.
De acordo com o coordenador do Garantia Safra, da Secretaria de Desenvolvimento Rural, José Arimatéia Gonçalves, outros municípios serão incluídos no programa a partir de setembro, quando será elaborada uma segunda folha de pagamento. "A folha do próximo mês ainda está em conclusão porque os técnicos concluem a apuração de dados referentes à perda da lavoura no campo em várias localidades", explicou Arimatéia. "Por isso, haverá a entrada de mais municípios, mas ainda não sabemos precisar o número exato da ampliação".
Arimatéia salientou que, neste ano, houve o esforço do Governo do Estado para a antecipação do pagamento do Garantia Safra. "O Governo Federal foi sensível à situação de seca e perda da lavoura que atinge o sertão cearense", disse. "Sabemos que a situação no campo é grave". Os recursos do programa vão atender a milhares de famílias de pequenos produtores rurais que perderam a safra de milho, feijão e de arroz. Na região Centro-Sul, os municípios de Acopiara, Iguatu, Icó, Jucás, Cariús e Várzea Alegre estão incluídos nessa primeira etapa do Programa.
Beneficiados
O maior número de beneficiados será em Icó com 5.220 agricultores inscritos, seguido de Iguatu, com 4.756. O secretário de Agricultura de Iguatu, Francisco Sales Neto (Louro da Barra), disse que a verba vai favorecer a compra de cereais pelos pequenos produtores rurais que perderam mais de 80% da safra. "Esse recursos, com certeza, vão aliviar a tensão no campo".
São os programas sociais que, nos últimos anos, têm evitado invasões e saques de depósitos de merenda escolar nas cidades atingidas pela seca. As ocupações das cidades ocorriam com frequência.
Fique por dentro
Apoio ao agricultor
O Garantia Safra é uma ação do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Objetiva garantir renda mínima para a sobrevivência de agricultores de localidades atingidas por estiagem ou cheia. Os critérios para participação são: ser agricultor familiar, conforme definido no Pronaf; não ter renda familiar mensal superior a um e meio salário mínimo; a adesão deve ser antecedente ao início do plantio; no instrumento de adesão deve constar a área total a ser plantada com as culturas (feijão, milho, arroz, mandioca ou algodão), não podendo superar dez hectares. O benefício é de R$ 600,00, por ano, por família, pagos em até quatro parcelas mensais iguais de R$ 150,00.
MAIS INFORMAÇÕES
Coordenadoria do Seguro Safra/ SDA: (85) 3101. 8123; Coordenadoria de Defesa Civil: (85) 3101.4571; 10ª Região Militar: (85) 3255. 1702
Diário do Nordeste
Antônio Carlos Alves /Honório Barbosa
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