quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Fila de espera desagrada população


Todos os dias a cena se repete. Agricultores, professores, comerciantes, aposentados, pensionistas, enfim, quem precisa dos serviços da Caixa Econômica Federal, em Canindé, tem que enfrentar filas quilométricas sob sol ou chuva. É assim o atendimento da instituição federal na cidade. Diante disso, mais de três mil agricultores do Seguro Safra ameaçam fechar a entrada da agência até que a situação seja resolvida. A afirmação é do presidente da Associação dos Agricultores da Zona Urbana de Canindé, Antônio Maurício Prudêncio. "Vamos aguardar somente até hoje e, se uma medida não for tomada, vamos agir de forma pacífica. Queremos ser tratados como cidadão e nada mais", frisou.

Segundo o líder, a Lei nº 1.886/05, de 18 de maio, que dispõe sobre o atendimento ao consumidor nos caixas bancários, não vem sendo cumprida. "A lei é clara, cada cidadão só pode ficar na fila por 15 minutos em dias normais e até 30 minutos em véspera ou em dia imediatamente seguinte a feriados, em data de vencimentos de tributos, pagamentos de vencimentos de servidores públicos e final de cada mês. Em Canindé, uma pessoa chega a ficar na fila da Caixa até cinco horas, isso é um desrespeito à cidadania".

Já o presidente da Comissão de Defesa do Consumidor na Câmara Municipal, vereador Chico Justa, mostra-se indignado com a situação. "Tudo tem limite. A Caixa Econômica vem desrespeitando o consumidor. Vamos representar contra a direção do órgão junto ao Ministério Público. Iremos disponibilizar a Assessoria Jurídica da Câmara para acompanhar esses procedimentos. Cada multa custa 100 Unidades Fiscais do Estado do Ceará (UfirCE). Ou a Caixa soluciona de vez esse problema ou vai fechar por pagar multa ao povo", diz. Para ele, os mais sacrificados são os aposentados. "Tem gente que desmaia devido à alta temperatura porque o sistema de ar está quebrado há vários dias", diz.

Outra questão levantada por ele é o horário de chegada dessas pessoas. "Muita gente chega na frente da agência à meia-noite e passa até por 10 horas de espera, correndo o risco de ser assaltado ou atropelado e, muitas vezes, quando chegam ao caixa o nome não consta na lista dos beneficiados".

O secretário de Políticas Sociais do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canindé, Alfredo Paes, disse que passou cinco horas e meia na fila aguardando atendimento. A situação agora só tende a piorar, porque os funcionários da Prefeitura foram transferidos para a Caixa Econômica. A aposentada Beatriz Cosmo, de 83 anos, passou mal na fila e desmaiou.

O gerente da Caixa Econômica Federal, Anibal José, reconhece os problemas, mas afirma que está buscando soluções. Segundo ele, a estrutura atende uma demanda excessiva e o ponto crucial é o Seguro Safra. "Só para se ter uma ideia, são 18 mil agricultores que estão sendo pagos na agência. Faço questão de entregar os cartões dos beneficiados com o Seguro Safra nos próprios municípios, porque de posse do cartão ele pode sacar em qualquer agência lotérica ou correspondentes bancários, mas, infelizmente, a quantidade de pessoas que comparecem no dia marcado tem sido menor que o necessário e isso prejudica o nosso atendimento. O concurso público é outra questão que agravou em virtude da inscrição ser feita num guichê de caixa e a expectativa é que cinco mil pessoas se inscrevam para as provas. Quanto ao funcionalismo público da Prefeitura, 80% dos cartões já foram entregues e iremos pagar em torno de quatro mil funcionários".

Segundo ele, a Caixa atende ainda a demanda de Canindé, Caridade, Itatira, Paramoti, Madalena e Boa Viagem. "Para tentar superar esse momento difícil estamos iniciando as nossas atividades aos programas sociais a partir das 6 horas. Outra alternativa será uma parceria com empresários da cidade para novos correspondentes. Vamos pedir que o Poder Executivo possa auxiliar nas inscrições dos futuros concursados". O reforço de empregados vindos de Fortaleza para auxiliar na entrega das senhas é outra novidade.

Uma audiência será realizada, hoje, às 15 horas, com o superintendente da Caixa, Flávio Jucá, em Fortaleza.

Dificuldade

"Vamos aguardar somente até hoje. Queremos ser tratados como cidadão"
Antônio Maurício Prudêncio
Pres. da Ass. dos Agric. da Zona Urbana de Canindé

"Para tentar superar o momento estamos iniciando nossas atividades às 6 horas"
Anibal José
Gerente da Caixa Econômica Federal
(Fonte: Regional - DN)

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