Na zona rural, os dessalinizadores tornam a água salobra, que é característica da região, própria para uso humano
Imprópria para o consumo humano, muitas vezes a água salobra é a única alternativa para matar a sede no sertão. Em Canindé, onde a falta de água é natural e a maior parte da água disponível é salobra, uma tecnologia que retira os sais da água está ajudando a mudar essa realidade, tornando a água potável.
Na zona rural de Canindé, uma ficha de R$ 0,20 vale 20 litros de água potável. É assim em Jacurutu, área de assentados. Um equipamento conhecido por dessalinizador retira a água do poço profundo para ser filtrada e bombeada até o reservatório de dois mil litros, beneficiando 60 famílias. A fonte funciona das 7 às 8 horas. Todo o dinheiro arrecadado serve para pagar a energia, que gira em torno de R$ 25,00.
Segundo o responsável pela venda das fichas, José Luciano Sampaio Mariano, o equipamento funciona da seguinte maneira: a água salobra é bombeada para o dessalinizador. Passa por um sistema de pré-filtro, e segue para uma bomba de altíssima pressão. A água ganha força para passar pelas membranas, que impede a passagem de sais.
"Para você ter uma ideia, essa membrana tem capacidade de filtrar, reter uma partícula, como por exemplo, uma bactéria. Algo como 0,01 micra", explica José Luciano.
Como não é muito concentrada, a água salgada continua sendo utilizada na lavoura, nos afazeres domésticos e para os animais. Para o consumo das pessoas, agora só água filtrada. Dos 32 aparelhos instalados no Município, dez estão funcionando, o restante encontra-se em fase de implantação, porque as peças são caras. A manutenção é feita pelo técnico da Secretaria de Agricultura e Recursos Hídricos, José Nunes da Silva.
"Esse aparelho melhorou a nossa vida. Antes era preciso acordar pela madrugada, andar quilômetros e quilômetros para conseguir água de péssima qualidade. Agora, basta ir com R$ 0,20 e trazer para casa água mineral", diz o agricultor Expedito de Sousa Freitas. Outro que comemora a chegada do dessalinizador é Sebastião Epifânio Braga, que aproveita a água que sobra com resíduos, o rejeito, que os moradores podem levar à vontade.
Segundo o secretário Airton Maciel, o dessalinizador possibilita ao Município uma nova forma de combater a falta de água. "Aqui, quanto mais baixo, mas salobra a água fica. Isso porque o solo e o subsolo de Canindé são formados por rochas calcárias, com uma grande quantidade de sais, que não são como os que dão origem ao sal de cozinha. São principalmente sais de cálcio e magnésio, que deixam a água do local salobra. Outro fator que também contribui para isso é que na região tem mais evaporação do que chuva", explica.
Relatório
Um relatório da própria Secretaria mostra que a média anual de chuvas gira em torno de 756 milímetros por ano, contra uma evaporação acima de 2 mil milímetros. "Então a gente costuma dizer que aqui chove pra cima. Essa evaporação faz com que rapidamente a água que evapora concentre esses sais", frisa Airton Maciel.
O prefeito da cidade, Cláudio Pessoa, diz que a implantação de um dessalinizador, com toda infraestrutura necessária, custa em torno de R$ 40 mil. "Além da melhoria da qualidade de vida, saúde, cidadania, você tem um investimento diluído ao longo do tempo bastante barato, que muda o conceito de vida do povo do sertão. Estamos trabalhando no sentido de conseguir mais apoio junto aos órgãos para colocarmos novos aparelhos em funcionamento, porque será, sem dúvida, a grande saída para ajudarmos os nossos irmãos sertanejos", observa Cláudio Pessoa.
A ideia é firmar parcerias com a Fundação Banco do Brasil, Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Núcleo Tecnológico do Ceará e Superintendência de Obras Hidráulicas para colocar em funcionamento os demais aparelhos que estão parados. Além dos dessalinizadores, a Secretaria de Agricultura e Recursos Hídricos realiza a limpeza de cacimbões para abastecimento humano, recuperação de cataventos para captar água de poços profundos, onde a finalidade é atender à demanda humana e animal.
Dentro do projeto de melhoria no campo existem projetos para a criação de tilápias com a água do rejeito e produção de uma planta de origem australiana, a erva-sal, também conhecida como atriplex, e que se adapta muito bem ao clima da região. "É uma planta forrageira e serve para alimento de ovinos e caprinos", diz Maciel. Ela é uma espécie que faz parte de um grupo de plantas chamadas alófitas, que têm a capacidade de retenção do sal nas folhas e alto valor proteico.
Demanda
10 dos 32 dessalinizadores existentes em Canindé estão atualmente em funcionamento. Os demais encontram-se em fase de implantação porque as peças são caras
MAIS INFORMAÇÕES
Prefeitura de Canindé
Largo Francisco Xavier de Medeiros, S/N - Imaculada Conceição
(85) 3343.6937/ 3343.2071
(Fonte: Diário do Nordeste - Foto Antônio Carlos Alves)
Imprópria para o consumo humano, muitas vezes a água salobra é a única alternativa para matar a sede no sertão. Em Canindé, onde a falta de água é natural e a maior parte da água disponível é salobra, uma tecnologia que retira os sais da água está ajudando a mudar essa realidade, tornando a água potável.
Na zona rural de Canindé, uma ficha de R$ 0,20 vale 20 litros de água potável. É assim em Jacurutu, área de assentados. Um equipamento conhecido por dessalinizador retira a água do poço profundo para ser filtrada e bombeada até o reservatório de dois mil litros, beneficiando 60 famílias. A fonte funciona das 7 às 8 horas. Todo o dinheiro arrecadado serve para pagar a energia, que gira em torno de R$ 25,00.
Segundo o responsável pela venda das fichas, José Luciano Sampaio Mariano, o equipamento funciona da seguinte maneira: a água salobra é bombeada para o dessalinizador. Passa por um sistema de pré-filtro, e segue para uma bomba de altíssima pressão. A água ganha força para passar pelas membranas, que impede a passagem de sais.
"Para você ter uma ideia, essa membrana tem capacidade de filtrar, reter uma partícula, como por exemplo, uma bactéria. Algo como 0,01 micra", explica José Luciano.
Como não é muito concentrada, a água salgada continua sendo utilizada na lavoura, nos afazeres domésticos e para os animais. Para o consumo das pessoas, agora só água filtrada. Dos 32 aparelhos instalados no Município, dez estão funcionando, o restante encontra-se em fase de implantação, porque as peças são caras. A manutenção é feita pelo técnico da Secretaria de Agricultura e Recursos Hídricos, José Nunes da Silva.
"Esse aparelho melhorou a nossa vida. Antes era preciso acordar pela madrugada, andar quilômetros e quilômetros para conseguir água de péssima qualidade. Agora, basta ir com R$ 0,20 e trazer para casa água mineral", diz o agricultor Expedito de Sousa Freitas. Outro que comemora a chegada do dessalinizador é Sebastião Epifânio Braga, que aproveita a água que sobra com resíduos, o rejeito, que os moradores podem levar à vontade.
Segundo o secretário Airton Maciel, o dessalinizador possibilita ao Município uma nova forma de combater a falta de água. "Aqui, quanto mais baixo, mas salobra a água fica. Isso porque o solo e o subsolo de Canindé são formados por rochas calcárias, com uma grande quantidade de sais, que não são como os que dão origem ao sal de cozinha. São principalmente sais de cálcio e magnésio, que deixam a água do local salobra. Outro fator que também contribui para isso é que na região tem mais evaporação do que chuva", explica.
Relatório
Um relatório da própria Secretaria mostra que a média anual de chuvas gira em torno de 756 milímetros por ano, contra uma evaporação acima de 2 mil milímetros. "Então a gente costuma dizer que aqui chove pra cima. Essa evaporação faz com que rapidamente a água que evapora concentre esses sais", frisa Airton Maciel.
O prefeito da cidade, Cláudio Pessoa, diz que a implantação de um dessalinizador, com toda infraestrutura necessária, custa em torno de R$ 40 mil. "Além da melhoria da qualidade de vida, saúde, cidadania, você tem um investimento diluído ao longo do tempo bastante barato, que muda o conceito de vida do povo do sertão. Estamos trabalhando no sentido de conseguir mais apoio junto aos órgãos para colocarmos novos aparelhos em funcionamento, porque será, sem dúvida, a grande saída para ajudarmos os nossos irmãos sertanejos", observa Cláudio Pessoa.
A ideia é firmar parcerias com a Fundação Banco do Brasil, Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Núcleo Tecnológico do Ceará e Superintendência de Obras Hidráulicas para colocar em funcionamento os demais aparelhos que estão parados. Além dos dessalinizadores, a Secretaria de Agricultura e Recursos Hídricos realiza a limpeza de cacimbões para abastecimento humano, recuperação de cataventos para captar água de poços profundos, onde a finalidade é atender à demanda humana e animal.
Dentro do projeto de melhoria no campo existem projetos para a criação de tilápias com a água do rejeito e produção de uma planta de origem australiana, a erva-sal, também conhecida como atriplex, e que se adapta muito bem ao clima da região. "É uma planta forrageira e serve para alimento de ovinos e caprinos", diz Maciel. Ela é uma espécie que faz parte de um grupo de plantas chamadas alófitas, que têm a capacidade de retenção do sal nas folhas e alto valor proteico.
Demanda
10 dos 32 dessalinizadores existentes em Canindé estão atualmente em funcionamento. Os demais encontram-se em fase de implantação porque as peças são caras
MAIS INFORMAÇÕES
Prefeitura de Canindé
Largo Francisco Xavier de Medeiros, S/N - Imaculada Conceição
(85) 3343.6937/ 3343.2071
(Fonte: Diário do Nordeste - Foto Antônio Carlos Alves)
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