No
próximo domingo, 15, de janeiro, o Santuário de Canindé inicia as
comemorações dos
200 anos da criação da Paróquia de São Francisco das Chagas. O
início das festividades do Bicentenário será marcado com a
celebração de missas alusivas a data, com destaque para uma celebração que acontecerá na Quadra da Gruta de Nossa Senhora de Lurdes, por trás da Basílica de São Francisco, no Centro da cidade, e será presidida pelo Pároco e Reitor Frei Marconi Lins, às 18 horas.
A
celebração comemorativa terá a presença de frades da Custódia de
São Benedito da Amazônia (Santarém), da Província de Nossa
Senhora da Assunção de Bacabal no Maranhão e Província de Santo
Antônio do Brasil em Recife – Pernambuco que se encontram em
Canindé participando de um curso inter provincial de franciscanismo.
As
aspirações dos canindeenses, já por todo esse tempo, visavam a
criação da paróquia de São Francisco, visto que o Pe. Vieira não
podia satisfazer plenamente o seu sagrado ministério. Um
requerimento, despachado neste sentido, antes de 1800, perdeu-se.
Em
1801, os principais fazendeiros e outros moradores da zona
encaminharam outra petição expondo a triste situação religiosa
dos sertões canindeenses, lamentando a pouca diligência do vigário
de S. José de Ribamar em atender às necessidades espirituais de
seus paroquianos distantes e solicitando a criação de nova
freguesia com a matriz de São Francisco das Chagas.
O
vigário de S. José, Pe. Cláudio Álvares da Costa, consultado a
respeito, tentou desfazer os motivos alegados, caindo porém nos
mesmos exageros de seus acusadores; pois o parecer escrito pelo
Visitador eclesiástico, Pe. José Pereira de Castro e dirigido ao
Governador da diocese de Olinda, apoiava, em parte, as queixas
apresentadas pelos canindeenses. Entretanto o Governador da diocese
deixou de ateneer ao requerimento por esperar com brevidade o novo
Bispo de Olinda.
Não
consta ter havido outras tentativas no intuito de se obter a criação
da nova paróquia até 1816, após a gestão do Pe. Francisco de
Paula Barros, o qual, em 1813, fora empossado tão-somente como
capelão e não como administrador do patrimônio, tendo deixado o
cargo em dezembro de 1815, para se retirar às ribeiras do Banabuiú;
foi substituído em Canindé pelo Pe. Rodrigo José de Melo.
Foi em 1816, que os canindeenses tornaram a requerer ao governo a
graça solicitada em 1801. Apoiados que se viram desta vez pelo
Capitão-mor Antônio José Moreira Gomes, pelo Governador do Ceará,
Manuel Inácio de Sampaio, alegando este o recente aumento da
população, e especialmente pelo Pe. Francisco de Paula Barros, o
qual foi incumbido pela população de defende-lhes os interesses na
corte do Rio de Janeiro. Com efeito, em fins de julho, seguiu o
ex-capelão de Canindé para Olinda e reunidos na cúria diocesana os
documentos necessários, partiu em agosto para o Rio, onde não só
encaminhou o processo de fundação da freguesia de São Francisco,
mas também o de sua colação como vigário, prestando, para esse
fim, o costumeiro concurso, aos 28-1-1818.
Desta
vez, o resultado não se fez esperar; pois, obtida a 1-8-1817, a
confirmação do Governador da diocese de Olinda, foi desmembrada da
freguesia de S. José a de São Francisco das Chagas e elevado à
categoria de Matriz o Santuário do mesmo taumaturgo em Canindé. Aos
30 de outubro de 1817, o respectivo alvará régio recebeu a
assinatura de Dom João VI no Rio de Janeiro.